quinta-feira, 1 de julho de 2010

Promessa definitiva

Pode a noite não escurecer, o sol congelar, a cigarra não cantar e o seresteiro ficar rouco, mas dela eu não largo. E se a história não tiver mais passado e nem o futuro for mais lembrado, as andorinhas se extinguirem e o presente não acontecer, pelo menos dela eu não largo. Por que a cana pode ser salgada assim como os carrapatos habitarem as geleiras da Sibéria, e a tia não ser mãe do primo, mas largar dela eu não largo. Nem que o ateu mais convicto cresse na providência divina no instante da queda do avião, que a corda arrebentasse para o lado do mais forte, que a sopa de galinha tivesse postas de salmão, dela eu jamais largarei. Mas se pensas que calando o surdo no samba e substituindo os jogadores de futebol por pregos gigantes no gramado, além de subtrair do povo suas esperanças de igualdade me farás dela desistir, estás ao todo enganado. Pois minha mãe vai deixar de me amar, meu pai me deserdar; meus irmãos, a mim, trair e minha mulher me abandonar, mas dela, a caneta, jamais vou largar.

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