quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Teus olhos não veem



O precipício ergue-se imponente perante o mar, que luta em vão por uma vitória fadada a jamais se realizar. Na última fronteira ele estende os braços e oferece o peito ao vento continental. A vertigem é ínfima, a coragem colossal. Deixa-se inclinar para frente, o suficiente para mergulhar na gravidade. Em forma de flexa, seus pés se distanciam do chão derradeiro, enquanto as pontas dos dedos se aproximam irreversivelmente da folha da água, ora espuma, ora vácuo. Ao penetrar no Reino de Posseidon cerra os olhos, pois o sal das próprias lágrimas já beira o limite do tolerável. Não verá os corais, nem os recifes, muito menos tudo aquilo que se manifesta em vida na imensidão azul submersa. Para Teus Olhos o mar é um todo negro e inatingível. Ao emergir flutua, sorrindo ao sol com desprezo às profundezas. Entrega seu rumo ao desejo das ondas, que o conduzem para longe de tudo.

Sem notícias



A ansiedade roubou minhas horas, meu sol, minha madrugada. Agora atenta contra a minha paciência.
A ansiedade é um assédio moral.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Silêncio, por favor



Enxaqueca, noite chata
Choro, uma enxurrada
A dor uma cachaça, uma chama, uma chibata
Talvez uma enxada
A chave da charada?
Uma caixa de chocolates e uma xícara de chá
que no chão já se encontra gelada
No colchão que logo chego
Uma chance de aconchego
para uma cabeça inchada