Palavra na parede
ganha vida de paisagem
Se é lida é oferenda
Já que do prego não se espera muito
a não ser fingir-se de morto
Qualquer palavra vale
Mesmo as descharmosas
Há algumas que são ótimas para serem
cantadas
Como a Zabumba e o Bumbo
A Zabumba e o Bumbo dão música pura
da boa
Já o pronome só serve para recosto
Ontem dormiram no pronome
De tão cansados que ficaram
de cantar Zabumba e Bumbo
Agora é hora de lua seca
Dia de fazer parede feliz
Parede gosta de carinho
de afago doce de molhar de amor os
olhos da menina
Pode ser com estilo, batuque e papo
Ou pode ser com língua, unha e saliva
Quando a parede se cansa recosta no
pronome
Não precisa ser pronome belo
Mas que sirva de colo bom pra cafuné
Qual?
Longe de quem fala e de quem ouve
Mas qual?
De passado ou futuro distantes
Qual?
Aquele
Qual aquele?
aquele Aquele.